colunistas do impresso

Foi o 20 setembro o precursor da liberdade

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Mais um 20 de setembro comemora-se neste dia, e a polêmica sobre a revolução farroupilha e o hino rio-grandense continua sendo revivida a cada tempo. A guerra dos farrapos, revolta dos farrapos ou revolução farroupilha, começou no dia 20 de setembro de 1835 e se estendeu até 1º de março de 1845. Defendendo ideias federalistas, procuravam, na verdade, preservar autonomia política e administrativa e interesses econômicos. Portando, a comemoração dá-se no dia em que se iniciou a revolução e não no dia em que terminou. Por uma razão simples. Não houve uma vitória da República Rio Grandense ao final da desgastante guerra.

Quem acabou vitorioso foi o governo imperial que evitou a separação, apesar do tratado de Poncho Verde, ou paz do poncho verde firmada em 1º de março de 1845, após quase 10 anos da guerra que teria causado 47.829 mortes. Assim, em 1842, quando foi promulgada a constituição da República Riograndense, apenas deu um ânimo momentâneo à luta, quando, na verdade, em 1845, houve uma rendição negociada sem muito a comemorar. Essa polêmica sobre quem teria vencido a guerra e se houve perdedor, até hoje, é discutida entre os historiadores.

Não bastasse essa polêmica sobre o melhor da guerra, também não cessa a polêmica sobre o nosso Hino Riograndense, que foi modificado pelo menos duas vezes, com três versões, e já pensam em alterá-lo novamente. Hoje, os versos polêmicos são estes: Mas não basta, pra ser livre/ Ser forte, aguerrido e bravo/Povo que não tem virtude/Acaba por ser escravo.

Historiadores apontam versos de conotação racista e questionam a obrigatoriedade da obra. A polêmica ficou mais evidente depois que vereadores de Porto Alegre se negaram a permanecer em pé enquanto o hino era executado sob esse argumento. Outros, entretanto, interpretam - "povo que não virtude acaba por ser escravo" - de forma diferente.

Matheus Gomes, que é também historiador, discute " à qual liberdade (vide "mas não basta, pra ser livre [...]") o hino se refere, pontuando o fato de a briga dos Farrapos contra o Império - que inspirou a letra - ser sobre o fim dos impostos e não um questionamento à escravidão."

Ou seja, a expressão "escravo" não se referia aos que foram obrigados a lutar ao lado dos fazendeiros, mas ao povo rio-grandense que era escravizado pelo poder central pelos impostos. Assim, está longe de consenso as conquistas com a guerra e com o seu símbolo. Vamos continuar discutindo as conquistas com a Revolução Farroupilha e como deve ser interpretado o Hino Riograndense. Segundo os livros tradicionais, o movimento começou no dia 20 de setembro em protesto aos impostos altos cobrados no charque, no sal e em outros produtos da região Sul. Queriam mais independência e autonomia em relação ao governo central. Acabou tendo conotação de uma guerra civil em que lutavam uns riograndenses, contra outros riograndenses. "Foi uma guerra iniciada pelos grandes proprietários rurais, chamados estancieiros.

O Império, que já cobrava impostos das propriedades urbanas, decidiu cobrar impostos sobre as propriedades da zona rural". Essa observação foi feita pelo historiador Moacyr Flores que ressalta: "a população de Porto Alegre foi a favor da cobrança na zona rural, pois pequenos proprietários da capital eram taxados. "Por que não os grandes estancieiros?", questio na o pesquisador.' De outro lado, os escravos não lutaram ao lado dos estancieiros e riograndenses, mas ao lado do império.

Encerrada a revolução, quais foram as conquistas dos revoltosos? Taxação em 25% sobre o charque estrangeiro; anistia para os envolvidos com a revolta; incorporação dos militares dos farrapos ao exército imperial, mantendo sua patente. Os provincianos teriam direito de escolher o próprio presidente de província, o que acabou não sendo cumprido. Portanto, a data do início da Revolução Farroupilha - 20 de setembro - estampada no nosso hino, não é bem caracterizada como precursor da liberdade, (que ou o que precede, anuncia, prenuncia), porque, nesta data, se iniciou uma revolução que não tinha como propósito a liberdade, nem mesmo a liberdade econômica que acabou não vindo. Vamos ficar com a simbologia apenas.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Santa Maria da Boca do Monte - Dia do Gaúcho (a)! Anterior

Santa Maria da Boca do Monte - Dia do Gaúcho (a)!

O desafio de Rodrigo Decimo à frente da prefeitura Próximo

O desafio de Rodrigo Decimo à frente da prefeitura

Colunistas do Impresso